Por Luiz Felipe Longo
O avião oficial do presidente dos Estados Unidos, Jack Howard, cruzava o céu brasileiro e de sua janela já era possível enxergar as pequenas luzes que surgiam vindas da cidade de São Paulo. Aquele avião tinha a arma secreta do governo brasileiro para tentar combater a criminalidade, principalmente em cidades como São Paulo e Rio de Janeiro.
Após dois longos meses de negociações envolvendo os governos do Brasil e dos Estados Unidos, os norte-americanos aceitaram “emprestar” por um período, quatro dos melhores agentes do país.
Tratava-se de Steve McGarrett, Danny Williams, Chin Ho Kelly e Kono Kalakaua, que terão o objetivo de reduzir os numerosos casos de violência que existem, principalmente os homicídios e o tráfico de drogas, assim como fizeram com o Havaí, onde todas as estatísticas de crimes diminuíram.
Steve é um ex-oficial da Marinha dos Estados Unidos, cabelos da cor preta cortados cuidadosamente, costas largas, porte físico avantajado, o grande líder da força-tarefa e preferia não seguir regras, não se preocupando com qualquer consequência que as atitudes pudessem ter.
Danny, parceiro e grande amigo de Steve, possuía estatura mais baixa, cabelos louros e um grande coração. Detestava o jeito como McGarrett conduzia as negociações às vezes priorizando a força bruta ao diálogo.
Chin Ho Kelly, ex-policial do Havaí, primo de Kono, foi convidado para se juntar à força-tarefa de Steve, pois o pai de McGarrett confiava muito em Chin. Olhos puxados, cabelo curto e estatura alta.
Por último, Kono Kalakaua, mulher de traços orientais, sorriso encantador, cabelos castanhos que desciam até os ombros. Bastante corajosa, destemida, não aliviava na prisão dos criminosos.
– Atenção, senhores passageiros, apertem os cintos, pois estaremos pousando dentro de instantes. – Informou o piloto da aeronave, enquanto todos os integrantes, incluindo os quatro agentes, o presidente e sua comitiva, ajeitavam-se nos assentos e esperavam pelo momento do pouso.
– Não gosto disso! Aviões são assustadores! – Comenta Danny.
– Por que não relaxa? Não há chance alguma de acontecer qualquer acidente com essa aeronave. – Responde ironicamente Steve.
– Mal chegamos ao Brasil e já estou de mau humor por sua causa, Steve.
Sem maiores problemas, o pouso é realizado com sucesso. No entanto, Danny levanta-se rapidamente do seu assento e vai até o banheiro do avião vomitar, o que acaba provocando risos até no presidente norte-americano.
– Ele é sempre assim? – questiona o homem mais importante do planeta.
– Você nem imagina o quanto. – responde Steve.
Todos os passageiros descem da aeronave e são recepcionados pela comitiva da presidente do Brasil, Marcela Santos, composta pelo seu vice-presidente, seus assessores e alguns deputados, além do exército brasileiro que havia sido designado para realizar a segurança do encontro.
– Senhora presidente, é um prazer. – cumprimenta Howard.
– O prazer é meu, senhor presidente. – responde a presidente brasileira.
Enquanto caminham até o carro oficial que os conduziria à sala de reuniões em um prédio da Avenida Paulista, Steve retira o celular e faz uma ligação para Grover, que havia ficado no Havaí.
– Alô, Grover? Como está, parceiro?
– Olá Steve, está meio entediante aqui apenas com o Max.
– São só alguns meses. Preciso que estejam a postos se precisarmos de qualquer informação.
– Pode deixar.
– Lembrem-se, o Brasil tem registrado índices altos de criminalidade. Estamos aqui para combatê-los, principalmente o tráfico de drogas e os assassinatos. Vamos ficar atentos a qualquer coisa que parecer suspeita. – orienta Steve aos outros três integrantes.
– Estava lendo em alguns sites brasileiros que está programada uma manifestação para amanhã, nesta mesma avenida para protestar contra o atual governo. Acho que precisamos ficar atentos já, pois passa diretamente pela segurança da presidente, ainda mais que ela está aqui em São Paulo. – Comenta Chin.
Adentrando ao prédio, os quatro agentes procuram observar tudo. O espaço era amplo, o chão era brilhante, o hall de entrada continha várias poltronas acolchoadas e televisões que passavam as principais notícias, em que todas diziam a respeito das manifestações do dia seguinte.
– Parece que teremos muito trabalho mesmo. – afirma Kono, vendo uma notícia sobre os chamados “Black Blocks”, que se infiltravam nestes movimentos apenas para depredar e causar tumultos.
A presidente pede que todos se sentem e explica que os quatro agentes norte-americanos teriam total imunidade enquanto estivessem em território brasileiro, que se eles conseguissem abaixar os números da criminalidade do país, teriam cumprido sua missão. Marcela dispensa todos e pede que estejam naquela mesma sala logo pela manhã no dia seguinte.
Steve, Danny, Kono e Chin saem da sala levando suas malas e se encaminham para um dos veículos oficiais do governo brasileiro, que os leva até um hotel localizado a alguns metros dali.
– Vamos cada um para seu quarto. Daqui meia hora me encontrem aqui mesmo no hall para sairmos e comer alguma coisa. – diz Steve enquanto faz o check-in no hotel.
O telefone do quarto toca, Steve atende e o recepcionista diz que há uma mulher querendo falar com ele. O norte-americano afirma que “logo iria descer”, mas acha muito estranho aquilo, afinal, não conhecia ninguém do Brasil.
Ao sair do elevador, McGarrett leva outro susto. A mulher estava de costas, mas o agente sabia quem era. Estatura baixa, cabelos escuros que caíam até o ombro, lisos, e pela branca.
– Catherine? O que faz aqui?
Catherine Rollins era ex-namorada de Steve. Já havia sido membro da força-tarefa, mas há alguns anos deixara a equipe e pouco havia conversado com ele desde então.
– Steve. Precisava muito falar com você. É extremamente importante e confidencial.
– Acho melhor subirmos para o meu quarto então. Lá teremos mais privacidade para conversarmos.
– Isso. Preciso que chame Danny, Kono e Chin também. A conversa interessa a eles também.
Ao verem a presença de Catherine, eles abraçam a ex-integrante do time e questionam a presença dela ali, justamente no Brasil. Ninguém sabia que eles haviam ido para a América do Sul, no entanto, ali estava a moça, com a cara de preocupação e querendo conversar com todos.
– Não queria encontrar vocês em um momento como este. Fui procurá-los na sede no Havaí, mas o Grover me contou que vocês haviam vindo ao Brasil. Recebi informações de uma fonte minha que haverá um atentado amanhã durante as manifestações. Não sei como será, porém achei interessante contar a vocês, já que passa diretamente pela segurança do presidente Howard e também da presidente brasileira.
– Isso é muito estranho. O Brasil nunca teve registros de ataques terroristas em seu território. – menciona Chin.
– Cath, seria de extrema importância a sua presença aqui amanhã. Queria muito que se juntasse à nossa equipe novamente. – aconselha Steve.
– Obrigada Steve, aceitarei ficar amanhã para ajudar na segurança, mas preciso de um tempo para pensar se gostaria de reintegrar a equipe.
– Ótimo, preciso que avise a segurança do presidente Howard e da presidente Santos sobre a possibilidade do ataque. Chin, Kono e Danny, falem com Grover, peçam para que ele busque informações sobre grupos extremistas de países que possam ter alguma rixa com o Brasil. O tempo é precioso. Vamos! A manhã estava bonita, o sol brilhava no ponto mais alto do céu. A Avenida Paulista estava tomada, cerca de um milhão de pessoas protestavam contra a corrupção e a ineficácia das medidas econômicas tomadas pelo governo.
– Fiquem atentos. A polícia militar está revistando mochilas e bolsas dos manifestantes, mas duvido que quem irá colocar essa bomba estará na vista dos policiais. – fala McGarrett enquanto segura uma arma de alcance de longa distância em suas mãos observando a tudo do alto de um prédio.
– O grande problema é que historicamente o Brasil não possui grandes rixas com nenhum país, então não vejo qualquer motivação para um ataque aqui. – comenta Kono, que está lendo as informações enviadas por Grover durante a madrugada.
– Pois é. Um país sem grandes participações em grandes guerras, mas que sofreu com a ditadura já. – comenta Chin complementando as informações dadas por sua prima.
– Já não basta ter que trabalhar com um lunático como você Steve, agora também tenho que me preocupar com atentados em um país que sequer tem histórico deles. - alfineta Danny.
No entanto, McGarrett não tem tempo para responder à provocação feita por Danny. Uma enorme explosão acontece, a fumaça cinza invade toda a avenida. Correria, gritos, desespero. Há uma mistura de sensações, todas elas motivadas pelo horror e pelo pânico.
Durante a confusão, Steve percebe um rapaz pegando uma arma semi-automática e se preparando para atirar. No entanto, o norte-americano é ágil e acerta um tiro na cabeça do meliante, que cai estirado na rua.
– Estamos sob-ataque! – Grita Steve para todos da equipe, enquanto ele desce rapidamente os degraus da escadaria do prédio, chega à rua, tira uma foto do rosto do rapaz morto e envia para Grover, pedindo identificação imediata.
Danny e Chin estão na rua ajudando com o atendimento dos feridos e no momento que escutam o recado de McGarrett colocam a mão na cintura checando suas armas. Havia algumas pessoas mortas, mas parecia que os danos eram menores que o esperado. Kono e Catherine andam próximas ao lugar onde a bomba havia explodido procurando vestígios do explosivo.
– O que é isto? – Questiona Kono, que vê uma espécie de panela de pressão toda destruída.
– Isto era a bomba. Lembra dos atentados na maratona de Boston? Usaram um artefato explosivo como esse, contendo pregos dentro da panela. – comenta Kono, que tira uma foto com seu celular e envia para Grover, solicitando que ele faça uma pesquisa maior a respeito.
O cenário era totalmente de guerra. Havia corpos no chão, vidros estilhaçados, pessoas sangrando caminhavam pelas ruas e o vermelho misturava-se na paisagem com o amarelo das camisetas dos manifestantes. As sirenes das ambulâncias e da polícia ecoavam por toda a Paulista.
– O que você me manda, Grover? – pergunta Steve após atender o celular.
– O nome do figura que você matou é Yuri Sokolov, ex-militar do exército russo, especialista em explosivos. Segundo informações da polícia federal brasileira, ele chegou há uma semana no país com mais dois homens, Alex Ivanov e Theodor Zhirkov, ambos também são ex-militares. O primeiro é especialista em tiros a longa distância e o segundo em armas semi-automáticas.
Após desligar a ligação, Steve começa a refletir, no entanto é interrompido quando um carro preto rompe a barreira policial e não para nem mesmo com os tiros disparados pelos policiais. Ele está vindo na direção de McGarrett, que saca sua arma e dispara contra o automóvel, acertando o motorista e os pneus, fazendo o veículo perder o controle e bater em um poste.
– Ele está morto. – comenta Steve enquanto os outros quatro integrantes da força-tarefa chegam ao local em que o veículo está batido.
– Segundo o que Grover mandou, este é Alex Ivanov. – afirma Chin.
– Isso não faz sentido nenhum. Ele veio na direção de Steve com o intuito de ser morto. – conclui Catherine.
Neste momento, uma segunda explosão é ouvida, bem mais devastadora que a primeira já que um carro da polícia militar havia explodido, destruindo uma base de assistência aos feridos. Desta vez os danos eram maiores. Viaturas destruídas, policiais estirados no chão, mais pessoas sangrando, correria, repórteres e familiares buscando informações, e o caos novamente instaurado.
– O carro foi uma distração e nós caímos nela. – diz claramente irritado Danny.
– Kono, quero que fale com as emissoras de TV. Alguma delas deveria estar com as câmeras apontadas para o lugar da segunda explosão. Fale com eles, veja quantas vezes for preciso as filmagens. Cath, ajude-a. – pede McGarrett.
As duas moças saem apressadas, conversam com todos os repórteres e cinegrafistas no local e finalmente conseguem uma filmagem que mostra o exato momento em que um homem vestido como um policial estaciona o carro próximo à base de feridos e vai embora.
– É Theodor Zhirkov. – afirma com ênfase Kono, enquanto liga para Chin e informa o que haviam descoberto a respeito do atentando.
– Obrigado, Kono. Vou avisar McGarrett. – ele saiu para conversar com o capitão da polícia militar.
McGarrett caminhava à procura do capitão da polícia militar. Havia socorristas, pessoas feridas, repórteres de TV, policiais e bombeiros pela rua. Na direção do norte-americano caminhava um homem solitário, vestido com a farda da polícia, cabelos raspados, olhar penetrante e estatura mediana.
O desconhecido passa por McGarrett com o olhar para frente, sem se virar para o agente estadunidense, que naquele momento, recebe a imagem de Zhirkov no celular e só então se dá conta de quem era aquele homem.
– Parado! – exclama Steve. Theodor Zhirkov para, vira-se de frente para McGarrett e retira um celular do bolso.
– Um botão. Basta eu apertar um botão que ocorrerá uma terceira explosão e isto é só o começo do caos que se transformará o Brasil.
– Você não quer fazer isso. Largue esse celular e se renda, você não tem escolha.
– Os brasileiros irão se arrepender de terem pedido ajuda aos americanos. Então, um som de tiro ecoa pelo caótico cenário da Avenida Paulista, pouco antes de Theodor apertar o botão de detonação. A bala entra pelo peito de Zhirkov e sai pelas costas. O russo desaba sem vida no chão e o celular cai ao seu lado também.
– Parece que eu te salvei dessa vez. – comenta Danny enquanto recoloca a arma na cintura. O tiro havia sido certeiro e o agente louro havia acabado de salvar São Paulo da terceira explosão.
– Obrigado, Danny.
– Então, o que ele disse?
– Ele disse que os brasileiros iriam se arrepender de pedir ajuda aos americanos.
– Mas, como assim? Essa era uma informação confidencial.
– Exatamente. Parece que temos um espião no governo americano.
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