Por Luiz Felipe Longo
- Parece que o governo brasileiro achou melhor nos tirar de uma grande cidade. – afirma Danny enquanto desarruma a mala em seu novo apartamento, localizado na cidade de Guarujá, o qual dividiria com seu amigo Paul, pois todos preferiram não ficar sozinhos naquele momento tenso pelo qual estavam passando.
- Pelo menos você terá praia e mar novamente. – diz aos risos Paul.
- Anos no Havaí e ainda não consigo ver a vantagem de areia e água.
Nesse momento, Steve invade o quarto e comunica aos colegas que precisariam ir para a Amazônia, pois câmeras de drones que patrulhavam a floresta contra o desmatamento teriam flagrado Saul próximo da fronteira com a Colômbia.
- Paul, é melhor você ficar. Ainda não está totalmente recuperado. – comenta Danny.
- De jeito nenhum, estou ótimo já! – exclama o rapaz de Nova Jersey.
Os três saem do apartamento, Chin, Grover, Kono e Catherine já os esperavam no hall de entrada do edifício, todos sempre com os olhares atentos. A última estava com um curativo na perna por conta do ferimento à bala, portanto seria responsável por fornecer todas as informações e coordenadas ali do quarto mesmo.
- Max conseguiu fazer o download do programa de reconhecimento facial e banco de dados utilizando o número de acesso dele. Vou ficar aqui para não atrapalhar a operação de vocês. Se precisarem de qualquer coisa, basta me contatarem pelo rádio – comenta Catherine.
Todos os outros agentes saem apressadamente com mochilas nas costas e entram em um utilitário estacionado em uma vaga na avenida onde se localizava o edifício. Steve dá um beijo na testa de Catherine e pede para que ela tenha cuidado.
O helicóptero do exército brasileiro sobrevoa a floresta, nele estavam todos os membros da 5-0 juntamente com Paul e alguns outros militares brasileiros. Preparavam-se para aterrissar quando vários disparos são efetuados contra os agentes.
- Temos um problema! – dispara o piloto enquanto faz manobras evasivas para fugir das balas e de aves que vinham das árvores fugindo dos disparos.
Kono aponta sua arma e consegue acertar em cheio um dos atiradores. Danny, Paul, Grover e Chin também disparam na direção dos criminosos, enquanto Steve retira uma granada do cinto e a joga nos bandidos, provocando uma enorme explosão, a qual levanta bastante poeira.
- Vamos descer ali na poeira. – pede McGarrett, iremos surpreender quem quer que esteja ali.
Ao pousarem, Steve já pula do helicóptero acertando um soco em um dos criminosos, enquanto os outros membros da 5-0 disparam, sempre buscando atingir algum meliante. Quando a poeira finalmente baixa há marcas de tiros em todos os lugares, incluindo na fuselagem do helicóptero e nas árvores.
- Parece que já estavam nos esperando. – comenta Paul.
- Saul deve ter informantes em todos os lugares do país e do mundo. Ele sempre estará um passo a nossa frente desta maneira. – completa Grover.
- Acho que matamos todo mundo daqui. – afirma Danny observando vários corpos estirados no chão. – Com certeza Saul deve estar por perto.
Ouve-se o barulho de pisadas firmes e galhos se quebrando. Com certeza alguém estava vindo bem atrás dos agentes e quando eles se viram, deparam-se com uma enorme onça pintada.
- Os tubarões no Havaí não são o suficiente? – questiona Danny com a voz claramente bastante assustada.
- Não se mexam! – pede Chin.
O animal rosna para eles, caminhando lentamente na direção dos norte-americanos. Os militares brasileiros afirmam que poderiam ser punidos caso atirassem em uma espécie ameaçada de extinção e Steve se prepara para sacar a arma e atirar, porém é surpreendido por um dardo tranquilizante, o qual encrava na perna traseira esquerda da onça, que cai desacordada.
- De onde veio isso? – pergunta Steve abaixando-se para examinar o animal estirado no chão.
- É apenas um sonífero natural. Ela dormirá por algumas horas, mas logo estará boa. – diz uma voz vinda de dentro da floresta. Era um índio, estatura baixa, cabelo preto aparado cuidadosamente, semelhante a uma tigela, com todo o corpo pintado e apenas uma tanga.
- Acho que lhe devemos um enorme favor. – responde Chin. – A propósito, meu nome é Chin Ho Kelly, e esses são meus amigos Steve McGarrett, Kono Kalakaua, Danny Williams, Lou Grover e Paul Mirror.
- Nomes esquisitos! Sou Raoni, significa “grande guerreiro”.
- Incrível, Raoni. Somos estrangeiros, por isso nossos nomes são estranhos.
A expressão no rosto do indígena fica completamente diferente ao ouvir a palavra “estrangeiros”.
- Qual o problema, Raoni? – pergunta Steve.
- Não devemos confiar em estrangeiros. Ele vem aqui, roubam nossa riqueza, destroem a floresta e vão embora.
- Não somos assim, pode confiar em nós. Estamos com militares aqui do Brasil, nós queremos derrubar o inimigo. Parecemos pessoas ruins?
- Não.
- Certo. Vou precisar de um favor seu. Quando chegamos, atiraram em nós, mas não sabemos ao certo o que estão planejando...
- Existe um galpão abandonado do outro lado do rio. Era usado por uma empresa madeireira, mas o Ibama desativou o lugar. Minha tribo vem percebendo uma movimentação estranha em seus arredores. Tenho certeza que deve ter alguma coisa lá.
Danny apenas observa o diálogo entre McGarrett e o índio e uma dúvida paira em sua cabeça, por isso ele resolve questionar um dos militares brasileiros.
- Índios não deveriam falar, “mim come, mim bebe”, coisas do tipo?
- Alguns indígenas já vão para escolas juntamente com pessoas da cidade. Provavelmente Raoni vive em alguma tribo mais desenvolvida. – responde prontamente o militar.
Raoni acompanha os agentes por uma longa trilha dentro da floresta, quando chegam até às margens do rio, onde estão algumas canoas com espaço para duas pessoas em cada uma.
- Só posso ir até aqui. Vou emprestar as canoas, mas preciso voltar para minha tribo antes que comecem a se preocupar. Em uma hora vocês chegarão ao galpão. Fiquem atentos, pois essas águas costumam ter jacarés e piranhas.
Ao ouvir as duas últimas palavras proferidas pelo índio, os pelos do corpo de Danny se enrijecem e Grover aproveita para fazer uma piada, a qual todos acham graça, menos o detetive.
- Certo, Danny e Paul, Kono e Chin, eu e Grover, vamos nas canoas. Vocês – aponta Steve para os militares. – ficarão aqui de vigia caso alguém apareça.
Os agentes empurram as canoas até o rio, mais ou menos onde a água está nos joelhos deles e entram no meio de locomoção, remando pelas águas para que pudessem chegar ao galpão. Um grupo de jacarés toma sol calmamente à margem direita, enquanto capivaras banhavam-se ao outro lado.
- Esse ambiente não me agrada. – comenta Danny.
- Não acredito que você nunca teve vontade de conhecer a Floresta Amazônica. – indaga Paul com a animação evidente em sua fala. Claramente ele estava gostando de conhecer aquele lugar.
- Qual é Williams, tenho certeza que você adoraria viver em uma cabana na árvore. – afirma Grover em tom debochado e escutando a risada de todos os outros agentes.
Uma hora exata após terem deixado a margem nas canoas, eles avistam um enorme galpão de cores desbotadas em virtude da exposição ao sol e chuva, o qual o mato alto esconde a entrada.
- Aquele é o nosso lugar. Fiquem atentos, Saul deve ter seguranças. – pede McGarrett.
Ao chegarem à margem e descerem das canoas, são recepcionados com tiros vindos de dentro do galpão, onde estavam dois vigias. Eles correm para se protegerem nas árvores e também disparam contra os criminosos.
- Chin, Danny, me deem cobertura! – grita Steve.
O ex-oficial da Marinha vai esgueirando por entre as árvores até que consegue chegar próximo o suficiente para balear um dos bandidos na cabeça. O outro, ao ver o companheiro caído no chão tenta apertar o gatilho de sua arma, mas não é rápido o suficiente, já que Danny acerta o peito do criminoso.
- Nada mal. – comenta Steve.
- Nada mal? Eu acabei de salvar sua vida. Podia dizer pelo menos um “obrigado”. – retruca Danny.
- Pessoal, venham aqui. – pede Kono com a voz preocupada. No momento em que todos se juntam, ela continua. – Isso parece uma bomba para vocês?
Uma enorme caixa se encontrava no meio do galpão. O lugar era bem sujo, mas aquele objeto parecia ter sido posto ali recentemente, pois não havia uma terra sequer nele.
- Com certeza isso é uma bomba. Pelo tamanho dela, é o suficiente para devastar toda a floresta Amazônica. – diz Paul ao examinar rapidamente o enorme dispositivo.
- O objetivo de Saul é fazer os aliados dos Estados Unidos sofrerem. O que seria pior para os brasileiros além de perder sua floresta? Não só para os brasileiros, mas para todos, as consequências seriam devastadoras. Desaparecimento de espécies, alterações no clima e no ciclo de chuvas. – explica Chin.
- Precisamos desativar essa bomba. Mas, não há qualquer cronômetro. – comenta Grover enquanto procura por algo que esteja marcando o tempo.
- Não há cronômetro. É uma bomba de detonação manual, estamos reféns de Saul. – responde Steve passando a mão no cabelo em um claro sinal de nervosismo.
O rádio comunicador de Steve emite um chiado, pois os militares que haviam ficado do lado oposto da margem estavam chamando e pareciam preocupados.
- Comandante, vocês precisam sair daí. Há duas caminhonetes chegando com quatro homens em cada uma. Não teremos tempo suficiente para ajudá-los. Escondam-se, vamos procurar ajuda! – argumenta rapidamente o militar, enquanto deixa sua posição juntamente com seus outros dois companheiros para procurar por ajuda.
Os outros agentes fazem menção de sair, mas McGarrett continua parado, imóvel, apenas observando o artefato explosivo. Parecia que estava articulando algum plano em sua mente.
- Steve, precisamos sair. – pede Danny.
- Não vamos. Eles não sabem que estamos aqui, devem ter vindo para checar os últimos detalhes e aí sim fugirem. Vamos confrontá-los e assim conseguiremos pegar Saul. – retruca o ex-oficial da Marinha.
Todos procuram um esconderijo e ali permanecem. Após alguns instantes, ouvem o barulho do motor de dois veículos ficando cada vez mais próximo, até que cessa totalmente, escuta-se portas sendo fechadas e os passos em direção ao galpão.
Oito homens entram no local, com um mais a frente, evidenciando ainda mais a mancha em sua face, aquele era Saul Hernández e claramente era o líder daquele grupo, que ainda tinha outros sete homens, todos armados.
- Mãos na cabeça, agora! – grita Steve McGarrett ao sair de seu esconderijo. Danny, Kono, Chin, Grover e Paul também ficam à mostra e encurralam os bandidos. Um deles tenta tirar a arma da cintura, mas é baleado no ombro por Grover.
- Vejam se não é a 5-0. Senti falta de vocês desde a última visita em Campinas, principalmente de você, Kono. – comenta em tom provocativo Saul.
- Você perdeu, Saul!
- Será que perdi mesmo?
- Tenho certeza disso. Pessoal, algemem os outros, quero ter o gostinho de prender você.
Os outros agentes da 5-0 prendem o restante dos criminosos, enquanto Steve algema Hernández com raiva. Todos são levados para fora do galpão, onde os militares brasileiros já haviam sido contatados para transportar os bandidos para a prisão. McGarrett retira um celular do bolso do mexicano, o qual continha na tela um botão verde e outro vermelho.
- É a bomba, certo? Estava pronto para detoná-la! – exclama com raiva Steve.
- Sim, pode desarmá-la. Aperte o botão vermelho. – comenta Saul.
- Se estiver blefando com a gente, juro que...
- Não jura nada, se eu tivesse blefando quando você apertasse o botão estaríamos todos mortos. Não concluí minha missão para me matar já.
Ao apertar o botão, o ex-oficial da Marinha faz cara de preocupado esperando pela explosão, mas nada acontece, apenas um aviso escrito “dispositivo desativado” brilha na tela do celular.
- Eu não ficaria tão feliz se fosse vocês. – comenta o criminoso mexicano com a mancha na cara.
- É apenas a sensação de dever cumprido. Sabemos que você possui guerrilheiros em todas as partes do planeta, mas o prendendo, já andamos metade do caminho. – responde Grover evidenciando a satisfação em sua voz.
Quando acontece a aterrissagem do helicóptero às margens do rio, todos os criminosos entram algemados e se acomodam cada um deles ao lado de um agente norte-americano ou de algum militar brasileiro. A operação na Amazônia havia sido um sucesso. Agora, iriam voltar para o estado de São Paulo, onde concluiriam os últimos detalhes burocráticos para deportação de Saul Hernández para os Estados Unidos.
- Sabe, você foi esperto. Fugir de Campinas para a Amazônia foi genial. São mais de 2500 km de distância. Provavelmente nunca o acharíamos, mas também temos informantes no lugar que menos se espera. – diz Chin olhando fixamente nos olhos do criminoso.
-Algum de vocês tem sinal de celular aqui? – questiona em tom de deboche Saul.
- Por que a curiosidade? – questiona Kono.
- Acho que Catherine poderá entrar em contato com vocês em breve.
- Do que está falando? – pergunta ansiosamente Paul.
Saul não diz mais nada. Grover lhe acerta um soco na cara, mas o mexicano permanece calado. Steve entra em contato com Catherine, mas a agente responde que tudo estava dentro do normal.
Ao pousarem na capital paulista, o celular de Steve toca, causando a apreensão em todos. O que Saul havia dito durante o caminho da viagem se concretizara, algo terrível deveria ter acontecido.
- Steve, tiveram três ataques terroristas simultaneamente, todos foram explosões. O primeiro em um bar de Copacabana, no Rio de Janeiro. O outro em um teatro de Florianópolis. Por último, em um museu de Salvador, na Bahia. – dispara as palavras rapidamente Catherine como se tivesse pressa para que a situação fosse resolvida.
- Fique calma, está bem. Há um número de mortos e feridos?
- No Rio de Janeiro são sete mortos. Em Florianópolis foram vinte e sete, enquanto na Bahia são doze. Os feridos ainda estão sendo contados, muitos deles estão sendo encaminhados em estado grave para os hospitais locais.
- Saul falou que você me ligaria por algum motivo. Isso é coisa dos guerrilheiros dele.
- A situação está fora de controle. Eles já atacaram São Paulo, Campinas, Rio de Janeiro, Florianópolis e Salvador. Todas são cidades importantes do Brasil, mas Saul disse que isto é só o começo. Eles devem estar planejando algo bem maior, não só aqui, mas em outros países.
- Os ataques aconteceram logo após prendermos Saul e seus ajudantes na Amazônia. Com certeza ele já tinha algo planejado caso fosse preso.
- O que faremos agora?
- Vamos libertar Saul Hernández.
Nenhum comentário:
Postar um comentário