Por Luiz Felipe Longo
A noite era bastante
fria na cidade de Rosário. Julho, época de inverno, que costumava ter ventos
fortes. As ruas estavam desertas naquela quarta-feira, mas os bares da região,
assim como as casas, estavam totalmente lotados. As pessoas se reuniam para
assistir à final da Taça Libertadores da América e o azul e amarelo, cores do
Rosário Central, clube local, tomavam conta das construções.
Os agentes da 5-0, por sua vez, já
estavam dentro do estádio Gigante Arroyito, lugar onde aconteceria a grande
decisão do torneio continental envolvendo a equipe local e os colombianos do
Atlético Nacional, para poderem colocar o plano em prática.
- Tudo pronto? – questiona Steve
enquanto Chin faz os últimos ajustes em seu computador móvel. Os dois
norte-americanos estavam em uma das cabines de transmissão.
- Sim! Todas as câmeras estão
sincronizadas e as imagens são transmitidas aqui, temos total controle sobre as
operações técnicas do estádio, desde placar eletrônico, sistema de som, etc. –
responde Chin com o ar de satisfação evidenciado pelas suas palavras.
- Bom trabalho. Kono, Catherine,
Grover, como está o movimento desse lado?
As duas mulheres e o rapaz de Chicago
estavam na entrada principal do estádio, atentos a qualquer movimentação que
pudesse parecer suspeita, sempre colocando a mão na arma que estava na cintura.
A segurança para o jogo tinha sido reforçada e policiais de Buenos Aires
estavam ajudando na operação.
- Por enquanto tudo bem, tirando
esse frio horrível. – comenta Kono visivelmente incomodada com a baixa
temperatura argentina. Aquela situação era totalmente diferente da vivenciada
no Havaí.
- Esse friozinho não é nada! Você
tinha que ver em Chicago. Aquilo sim é frio! – exclama Grover de maneira
nostálgica relembrando sua antiga cidade antes de se mudar para a ilha.
Danny e Paul estavam dentro do
gramado, observando as arquibancadas e a movimentação das pessoas, tendo um
ângulo de visão totalmente diferente ao de Kono, Catherine e Grover. Os dois,
oriundos de Nova Jersey, estavam atentos até mesmo aos jornalistas, jogadores e
membros da comissão técnica.
- Steve, onde está nossa arma
secreta? – pergunta Danny pelo rádio de comunicação.
- Ela está em uma das cabines de
transmissão com vários policiais fazendo a segurança dela. Logo chamaremos por
Saul no sistema de som do estádio, e se tudo der certo, ele cairá em nossa
armadilha.
- Espero que dê certo!
- Eu também!
As pessoas chegavam aos montes.
Todas elas com a felicidade e ansiedade estampadas na cara. Nenhuma delas
imaginava que corria sério risco de vida por conta dos planos de Saul
Hernández, os quais a equipe da 5-0 já tinha total conhecimento, pois haviam
previsto que eles poderiam acontecer.
Nesse momento, um helicóptero
sobrevoa o estádio atraindo todas as atenções, tanto de torcedores, como de
policiais e agentes da 5-0, que viam aquilo como movimentação suspeita.
- O que é aquilo? – aponta Paul para
o meio de transporte nos ares e buscando comunicação através do rádio. Ele e
Danny simplesmente não estavam entendendo aquilo.
- É um plano de fuga! – exclama
Steve ao se dar conta da real intenção daquele helicóptero. O agente norte-americano não tem tempo de
chegar à cabine ao lado de onde ele e Chin estavam, pois três homens mascarados
bloquearam a passagem do corredor, bastante estreito, e atiraram bombas de
efeito moral, que causaram muita fumaça, sendo impossível enxergar. Barulhos de
tiro são ouvidos. – Desgraçados! Chin, procure proteção e dispare!
Os jornalistas trancaram suas
cabines com medo de tudo que estava acontecendo. Enquanto isso, Danny e Paul
saíram correndo e tentavam chegar ao local no qual se realizava o atentando.
Nas arquibancadas, muito desespero e
tumulto. Inúmeros torcedores correram na direção dos portões de saída, enquanto
outros foram em direção ao gramado, pendurando-se nas grades. A segurança
parecia desorientada, tentava disparar contra o helicóptero, mas ele era
blindado e fazia rodopios no ar.
- Os tiros pararam. – comenta Chin
olhando para Steve de maneira cautelosa e procurando sinal de movimento em meio
à névoa branca causada pelas explosões de bombas de efeito moral.
Quando
a fumaça dispersa, a cena é de completo caos. Há inúmeros policiais caídos no
chão e também os três mascarados. No entanto, é outra pessoa totalmente
estirada que causa espanto nos agentes.
-
Isabella Hernández está morta! – exclama Steve com a voz de desapontamento.
A
esposa do criminoso mais procurado do continente, desta vez, estava realmente
morta. Sua blusa estava suja de sangue bem no peito, um único disparo a havia
acertado. – Estamos ferrados. Nosso plano foi por água abaixo agora.
Ao
lado de fora do Gigante do Arroyito, Kono, Catherine e Grover tentavam retornar
para a parte de dentro do estádio, mas não conseguiam por conta do intenso
fluxo de pessoas correndo desesperadamente para fugir das explosões ocorridas.
Naquele tumulto, o rapaz de Chicago sente um impacto na parte de trás da cabeça
e cai desacordado no chão. As duas moças não tem tempo de nada, pois a boca
delas é tampadas por um pano e, rapidamente, ambas também desmaiam.
-
Danny, não estou conseguindo comunicação com Grover e as garotas. Você e Paul
podem tentar averiguar? – pergunta Steve.
-
Sim, sairemos do estádio agora. O que aconteceu aí?
-
Já era! Um ataque, provavelmente de resgate, acabou muito mal. Isabella
Hernández está morta e nosso plano não tem mais como ser feito.
Enquanto
conversavam, o telefone celular de McGarrett tocou, interrompendo a comunicação
entre ele e Kono. Ao olhar para a tela do aparelho, o agente faz cara de
dúvida, pois não parecia reconhecer aquele número.
-
Steve McGarrett.
-
Está feliz, McGarrett? Minha mulher está morta por culpa de vocês! Cada um dos
membros da 5-0 irão sofrer as consequências, começando por essas duas belas
moças, novamente em minhas mãos.
-
Saul, desgraçado! O que você fez com elas?
-
Assim como em Campinas, nada! Mas, veja só, da outra vez, acabei demorando
muito e você conseguiu salvá-las. Agora, tudo será diferente. Não quero só
matar, quero que elas sofram e muito!
-
Não ouse tocar um dedo nelas!
-
Tarde demais!
O
criminoso mexicano acerta soco violento no rosto de Catherine, que estava
sentada em uma cadeira com os braços e pernas amarrados e a boca amordaçada.
Ela urra de dor. Em seguida, ele repete o golpe, mas desta vez no estômago de
Kono, que também urra.
-
Pare com isso! O que você quer? – questiona de maneira desesperada Steve.
-
O que eu quero? Quero vingança!
-
Não seja tolo, podemos dar qualquer coisa para você. Libere as duas e terá
aquilo o qual desejar.
-
Você acha que sou realmente tolo? Esse é o típico discurso de policiais em um
sequestro. No final, vocês salvarão as duas e eu irei para a cadeia, na melhor
das hipóteses. Na pior delas, estarei em um saco preto para cadáver.
A
chamada é desligada e McGarrett fica totalmente perplexo. Explica para Chin o
que havia acontecido. Ambos vão ao encontro de Danny e Paul, que estavam ao
lado de fora do Gigante do Arroyito em uma ambulância auxiliando Grover. O
agente negro estava com dor de cabeça, mas ficaria bem.
-
O que faremos? – pergunta Chin.
-
Tenho um plano! – afirma Paul, logo em seguida explicando quais seriam os
procedimentos realizados.
Steve
aperta o botão para retornar a ligação para Saul. Em um quarto escuro de casa
localizada na zona rural de Rosário, o criminoso mexicano recebe com surpresa
aquela chamada. Não esperava que o agente norte-americano o retornasse.
-
Por que está me ligando?
-
Temos 5 bilhões de dólares para você. Sabemos que aquele helicóptero
sobrevoando o estádio era seu. Venha com ele, traga Kono e Catherine e
negociaremos a troca. Prometemos não atirar em você ou qualquer coisa do tipo.
-
Como vou saber que não está blefando? Vocês são americanos, não são dignos de
minha confiança.
-
A vida de nossas amigas estão em jogo. Você acha mesmo que iríamos arriscar isso?
-
Tenho certeza que não! Onde, então, vocês conseguiram 5 bilhões de dólares?
Não houve resposta para a pergunta
de Saul, pois os agentes da 5-0 já estavam a caminho do cativeiro. Eles haviam
cruzado informações da ligação e realizado a dedução de que o criminoso deveria
estar em local grande o suficiente para conseguirem pousar o helicóptero.
Então, encontraram uma propriedade rural abandonada e deduziram que aquele era
o lugar procurado.
Percebendo o que havia acontecido,
Saul, sem qualquer remorso, aponta a arma na direção de Catherine e dispara
contra a moça. A bala entra pelo estômago e rapidamente uma poça de sangue se
forma. Kono tenta gritar de maneira desesperada, mas a mordaça não deixa. O
criminoso mexicano estava preparado para disparar na agente de traços orientais
também. O brilho sádico era possível de ser visto em seus olhos.
Então, com um estrondo, a porta é
arrombada. Steve entra com sua força-tarefa logo atrás dele. Ao ver Catherine
com a cabeça caída e o abdômen sangrando, o líder não hesita e dispara na
direção do criminoso, que havia se assustado com a invasão e ficara totalmente
sem reação. A bala entrou diretamente na testa de Saul, que foi para o chão,
morto.
- Catherine, Catherine! Fala comigo!
– exclama McGarrett aos berros. Chin desamarrou Kono e tirou a mordaça dela,
dando-lhe um demorado abraço. Danny, sem pestanejar, telefonou pedindo uma ambulância
para o local, informando as condições de Catherine. Grover e Paul estavam
visivelmente preocupados, evidenciando isso através do semblante.
Quando o resgate chega, os
paramédicos tentam estancar o sangramento de Catherine, colocando-a logo em seguida
na maca e a levando para a ambulância, onde Steve entra junto com ela segurando
sua mão.
- Por favor, reage. Não me abandona!
– pede o ex-membro da Marinha norte-americana com lágrimas escorrendo em seu
rosto.
No hospital, Catherine é levada para
a cirurgia. Steve aguarda sentado em uma das acolchoadas poltronas da sala de
espera, enquanto Danny, Paul e Grover o fazem companhia. Todos muito
preocupados. Kono e Chin tinham ido consultar um médico para cuidar das
escoriações da moça.
- Não sei o que farei se Cath não
sobreviver. – afirma Steve para seu amigo Danny, que estava sentado ao seu
lado.
- Isso não irá acontecer, parceiro.
Catherine é forte, guerreira, sairá dessa.
O tempo passa e depois de quatro
horas, o médico entra à sala de espera retirando as luvas e fazendo todos os
agentes da 5-0 se levantarem, pois estavam esperando notícias.
- Catherine perdeu muito sangue,
teve uma hemorragia bastante grave. Felizmente, conseguimos estancar o
sangramento e ela ficará bem.
A notícia era a melhor possível.
Steve e Danny se abraçam, assim como Grover, Paul, Chin e Kono, que também
haviam se juntado. O líder da força-tarefa então vai até o quarto para ver
Catherine.
- Graças a Deus, Catherine! Não sei
o que faria se te perdesse.
- Steve, você está bem? Como todos
estão?
- Relaxa, todos nós estamos bem. Foi
você quem nos deu o susto.
- E Saul?
- Foi morto. Assim que vi o que ele
tinha feito com você, senti tanta raiva que o acertei na cabeça.
- Eu tive tanto medo, Steve. Só
pensava em te perder.
- Estamos juntos agora e nada irá
nos separar!
Steve se aproxima de Catherine, os
dois se olham e dão um beijo demorado, não se importando que alguém pudesse
entrar no quarto. Eles haviam passado por maus bocados juntos e tudo terminou
bem, apesar de tudo.
- E agora, Steve?
- Vamos pra casa!
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