Por Luiz Felipe Longo
- Vai ser assim? Sempre que prendermos Saul ou chegarmos próximos disso, haverá mortos e feridos? – questiona Danny.
- Estou me sentindo culpada. Steve ligou alguns minutos antes e tudo estava normal. – afirma, bastante desapontada, Catherine.
- Isso não tem nada a ver com você, Cat, relaxe! Precisamos bolar um plano para que quando pegarmos Saul, ele não cause mais dor e sofrimento. – responde Kono.
Todos os agentes norte-americanos estavam reunidos no apartamento o qual Steve dividia juntamente com Chin e Grover. O líder da força tarefa estava sentado ao lado de fora, na sacada, bastante pensativo.
- Nós vamos pegar esse cara, você sabe disso. – afirma Grover para McGarrett ao retirar um charuto de seu bolso e acendê-lo.
- Eu já nem sei mais no que acreditar. Estávamos tão perto, sabia que isso não terminaria, teríamos que desestruturar todas as redes montadas por Saul, mas prendendo ele, seria 50% do serviço cumprido. Só que agora, tudo mudou. – replica Steve, totalmente desanimado.
Paul era o mais calado, não fazia parte oficialmente da equipe, porém havia sido chamado por Danny para ajudar. Já passara por maus momentos desde que chegara ao Brasil, tendo sido, inclusive, baleado no peito. Uma ideia repentina vem à mente do agente de Nova Jersey.
- Já sei o que faremos!
Os outros agentes olham assustados com o grito dado pelo amigo, que pega um mapa do território brasileiro e o coloca sobre a mesa, pegando uma caneta para realizar marcações.
- Certo, o primeiro ataque ocorreu aqui. – Mirror faz um X no território de São Paulo. - Depois, também fomos atacados em Campinas. Em seguida, descobrimos a bomba na Amazônia e os brutais ataques no Rio de Janeiro, Florianópolis e Salvador. Notam alguma coisa?
- Há claramente um padrão. Aconteceram ataques em todas as regiões do Brasil, com exceção do Centro-Oeste. – responde Steve assimilando o pensamento de seu companheiro.
- O que nos leva a crer duas coisas. O próximo ataque, muito provavelmente, acontecerá no próprio Centro-Oeste e que Saul possui centros de apoio em cada região do país para auxiliá-lo nos ataques.
- Excelente, Paul. Vou pedir para Max cruzar algumas informações e vermos se descobrimos onde se localizam esses centros de apoio. Vamos todos para Brasília, já imagino onde acontecerá o próximo ataque.
- Haverá uma homenagem para ex-soldados do exército brasileiro que apoiaram na segunda guerra mundial. A presidente juntamente com governadores, senadores e deputados estarão presentes na cerimônia. Não acham que é um ótimo lugar para se cometer um ato terrorista? – questiona Steve mostrando no tablet a notícia relacionada a cerimônia enquanto os agentes viajavam de avião para Brasília.
- Não sei, Steve. Deve haver muita segurança neste tipo de evento, acho inviável alguém colocar uma bomba ou algo do tipo lá. – responde Danny coçando o queixo enquanto pensava no assunto.
- Necessariamente não precisa ser uma bomba, pode ser alguém abrir fogo no meio da multidão. – comenta Paul.
- É quase isso. – complementa McGarrett. – cruzei alguns dados com a localização de onde será a cerimônia e vejam só. – ele aproxima utilizando dois dedos da mão. – há três prédios, altos o suficiente para alguém se esconder utilizando um rifle de longo alcance e distantes o suficiente para não entrarem na varredura do perímetro de segurança.
- A cerimônia se dará em algumas horas, se estiver certo o pensamento de Steve, haverá um alvo em potencial para ser atingido pelo rifle. – complementa Chin enquanto analisa o mapa dos prédios mostrados pelo ex-oficial da Marinha.
- São três prédios de vinte andares cada um, irá demorar até conseguirmos checar todos. – afirma Kono balançando a cabeça, sabia que estariam perdendo tempo precioso se checassem os locais errados.
- Haverá muitas pessoas importantes na cerimônia, e se não for um alvo em potencial, mas sim três? – questiona Grover.
- Só terá um jeito, iremos nos dividir. Dois agentes em cada prédio e mais um para alertar as pessoas embaixo do perigo o qual estão correndo. – explica Steve.
Catherine observava e escutava atentamente ao papo dos amigos, mas não desgrudava seus pensamentos da tela de outro tablet o qual estava carregando. Max havia ficado de mandar a ela as informações sobre os centros de apoio de Saul pelas regiões do Brasil, com prioridade máxima para o Centro-Oeste.
Ao chegarem a Brasília, os agentes entram em carros utilitários cedidos pelo governo brasileiro, já que os norte-americanos o havia contatado para informar da sua chegada.
- Pessoal, Max me mandou informações. – branda Catherine com a surpresa e a emoção perceptíveis em sua voz. Todos os outros agentes atentam-se para o que seria proferido pela norte-americana de pele clara e cabelos escuros. – Ele rastreou alguns dados e chegou até um endereço onde possa estar localizado o centro de apoio de Saul.
- Ótimo! Parece que dessa vez saímos na frente. – diz Chin.
- Exatamente, ele está aqui em Brasília, a algumas quadras daqui. Vou solicitar reforço policial e ir até lá, podem parar o carro e me deixar.
- Cat, você tem certeza do que está fazendo? Podemos ir todos juntos. – pede McGarrett, claramente preocupado com a moça.
- Eu sei me cuidar, Steve. Não estarei sozinha. Vocês precisam ir vasculhar o prédio antes que seja tarde demais.
A agente abre a porta do utilitário e desce, rapidamente pegando um rádio comunicador e solicitando policiamento para o endereço onde estaria localizado o centro de apoio.
- Três prédios. Eu e Danny, Grover e Paul, Kono e Chin. Vasculhem todos os andares de maneira rápida, porém cautelosa. Deem preferência para andares que não estão totalmente tomados ou por aqueles que os empregados já deixaram seu expediente. Vamos lá! – explica detalhadamente Steve e depois sai com rapidez.
O líder da força-tarefa, juntamente com Danny, adentra por um prédio branco, todo espelhado de vinte e três andares. No hall, mostram o distintivo para o porteiro, que não se importa com os agentes.
- Eu fico com os andares ímpares e você com os pares. – dá a ordem, McGarrett, que com agilidade, sobe os degraus das escadarias, parando nos seus andares, enquanto Danny utiliza o elevador para fazer a checagem.
Alguns metros para a direita do prédio estavam Paul e Grover. Eles decidem adotar o mesmo plano dos outros agentes, mas cada um utiliza um elevador, ambos esnobam as escadas. O prédio era um pouco menor, vinte andares, para ser mais preciso, mas haviam mais apartamentos, portanto a averiguação poderia demorar mais.
- Que ótimo, pareceremos Tom e Jerry saindo e entrando nessas portas. – comenta em tom de piada, Grover.
- Pela nossa situação, acho que somos o Tom. – responde dando risada, Paul.
- Só nós mesmo para darmos risadas em um momento tão ruim.
Catherine aguardava reforços enquanto estava sentada em um banco em frente à residência onde Max acreditava ser o local do centro de apoio de Saul Hernández. A casa era discreta, pintura descascando e portão com as pontas enferrujadas.
Três carros de polícia chegam com as sirenes desligadas e estacionam próximos ao local. O delegado desce e vai falar com Catherine, que explica toda a situação e o plano a ser seguido. Ele volta para perto dos carros e repassa tudo a seus homens, que se preparam para invadir.
- Parados, mãos para o alto! – exclama Catherine ao adentrar pela residência após a porta ser arrombada.
Quatro homens estavam no local e um deles tenta sacar uma arma, mas acaba alvejado pelos policiais. Os outros não manifestam qualquer tipo de reação, apenas erguem os braços e colocam as mãos atrás da cabeça.
- Estão todos presos por envolvimento com terrorismo. – explica o delegado enquanto os outros homens com distintivos algemam os criminosos. – Agente Rollins, pode procurar o que quiser nos computadores, depois o levaremos como parte da investigação.
- Obrigada, delegado. – responde educadamente Catherine que de maneira rápida, senta em uma das cadeiras e começa a digitar no teclado do computador, mas nada que aparece lhe agrada. Ela saca o celular e disca para Max. – Preciso que entre no sistema de um computador para mim.
- Sim, senhora. Vou precisar do IP da máquina.
Catherine passa o que foi pedido por Max e aguarda ansiosamente até que o legista lhe fornece as pastas do computador onde estavam os dados os quais estava procurando.
- Obrigado, Max. Você é demais! – exclama a agente.
A bela moça de pele clara e cabelos escuros começa a procurar os endereços onde estariam os atiradores para o ataque terrorista durante a cerimônia de homenagem aos soldados brasileiros que haviam participado da segunda guerra mundial. Ao encontrar o que pesquisava, Catherine saca seu rádio comunicador e transmite para os outros que estavam nos prédios.
- Steve e Danny, último andar, na cobertura, ela está para alugar, com certeza o atirador está nela. Grover e Paul, penúltimo andar, apartamento 108, é um escritório de contabilidade, mas está fechado, pois os funcionários saíram de férias. Kono e Chin, ah não... – a voz de Catherine muda completamente ao citar os dois últimos parceiros e ler as informações na tela do computador.
- O que foi Cat? – questiona Chin com a arma em punho.
- Não há ninguém no prédio de vocês, não há atirador. Há uma bomba localizada no microfone do palanque, onde a presidente irá discursar.
- Mas como isso é possível com tanta segurança?
- Provavelmente, Saul deve ter homens infiltrados na própria guarda da presidente e também na polícia aqui de Brasília. Vocês precisam evacuar todos daquele lugar agora! As informações mostram que a bomba irá explodir em dez minutos.
Kono e Chin saem correndo do prédio, estavam no oitavo andar e sem tempo para esperar o elevador, descem agilmente as escadas até que chegam ao térreo e vão para a rua.
- Ligue para a polícia, peça para que evacuem todos do lugar, agora! – pede Kono ao primo, enquanto olha por todos os cantos a procura de alguém que pudesse parecer suspeito. Então, ela avista um rapaz usando roupa preta, óculos escuros e boné com as iniciais do FBI. Ao notar a agente olhando para ele, o indivíduo sai correndo e a norte-americana sai atrás dele.
Os policiais chegam ao local após o alerta emitido por Chin e juntamente deles está o esquadrão anti bombas. As pessoas são retiradas rapidamente do lugar e afastadas do local por uma fita de isolamento.
Steve e Danny chegam à cobertura e com um chute forte, o primeiro derruba a porta e avista o atirador em posição. Ele parecia bastante surpreso com o aparecimento da polícia no local da cerimônia, a evacuação e agora os agentes da 5-0 ali, e não conseguiu ser rápido o suficiente para reagir ou tentar fugir, ele apenas levantou as mãos para o alto.
- Perdeu, amigão. – diz em tom sarcástico, Danny.
- A última vez que vocês acharam que tinham ganhado a luta, detonamos três lugares do Brasil e muito mais ainda está por vir, não só aqui, mas no mundo inteiro. – responde o atirador, o qual possuía os cabelos raspados, tatuagens por todo o corpo e musculatura definida.
- Não ganhamos a luta, este foi apenas um round. Os outros ainda iremos vencer. – explica Steve enquanto algema o indivíduo e o leva preso para fora do prédio.
- Alvo preso, cobertura limpa. – transmite Danny pelo rádio
Em outro prédio, estavam Grover e Paul, eles sobem pelo elevador e chegam até o local mencionado por Catherine. A porta estava entreaberta e os agentes entram de maneira cautelosa, escorando pelas paredes e caminhando vagarosamente, quando são efetuados disparos na direção dos dois, que buscam se proteger atrás de alguns móveis.
- Me dá cobertura. – pede Paul.
O agente de Nova Jersey sai de sua proteção, abaixado, também escorando pelas paredes e protegido pelos disparos que Grover estava efetuado, finalmente chega onde estava o atirador, que não percebe a movimentação dele e acaba baleado, caindo estirado no chão.
- Suspeito morto! – exclama Grover.
O rapaz de boné preto saiu correndo por uma rua bastante movimentada de Brasília, com fluxo enorme de pessoas. Kono continuou correndo atrás dele, sempre esbarrando nos outros e pedindo desculpas.
Quando estava se aproximando do suspeito, a agente nota que ele havia retirado uma arma da cintura e estava se virando para atirar. Por sorte, ela foi mais ágil e inteligente, empunhou o revólver e disparou contra a perna do rapaz, que tropeçou em sacos de lixo da calçada e caiu.
- Para que correr se sabe que será preso no fim? – questiona Kono de maneira irônica enquanto algema o indivíduo e retira de seu bolso um distintivo do FBI.
- Como vocês descobriram nosso plano? O esquadrão anti bombas e a polícia chegaram rápido demais, tudo iria pelos ares, incluindo a presidente, governadores, senadores e deputados. – comenta rapidamente o rapaz, que no final, ainda jurou lealdade ao “Exército de Saul”.
- Que pena, vocês não são os únicos com informações privilegiadas. Você está preso por terrorismo, por se passar por um policia, porte ilegal de arma já que duvido você ter autorização para estar com esse revólver.
No local onde ocorreria a cerimônia, após alguns instantes de apreensão, o esquadrão anti bombas consegue desativar o explosivo do microfone e garante a segurança do lugar. Todas as pessoas, antes com o medo e o terror escancarados em seus rostos, agora aplaudiam a ação dos policiais.
- Ótimo trabalho pessoal, hoje a vitória foi nossa! – comemora, por meio do rádio comunicador, McGarrett. – Cat, excelente. Nos encontraremos daqui meia hora com a presidente no edifício Caravelas Portuguesas.
Catherine ainda estava fazendo pesquisas no computador dos bandidos, finalmente conseguira encontrar todas as localizações dos centros de apoio de Saul e já havia enviado para todos os policiais no país. Provavelmente, eles estariam se estruturando para fechar esses centros e prender os criminosos. No Sul, ele estava localizado no município de Maringá, Paraná. No Sudeste, era em Santo André, na Grande São Paulo. No Nordeste, ficava em Recife, Pernambuco. No Norte, em Manaus, Amazonas. Além, é claro, de Brasília, no Centro-Oeste.
- Comandante McGarrett, fico feliz em dar a você e seus homens meus sinceros agradecimentos por salvarem a vida de tantas pessoas e também a minha e de outros políticos do Brasil. – afirma em tom sério a presidente Marcela Santos enquanto aperta a mão do agente da 5-0.
- Fizemos apenas nosso trabalho, senhora presidente. Como conseguimos desestruturar os principais centros de Saul no Brasil, acredito que ele não permanecerá aqui, um alerta com o rosto dele já foi emitido para todas as fronteiras, aeroportos, rodoviárias, estradas e portos do país. – responde em tom vitorioso Steve.
- Quem diria que um simples acordo para diminuir a violência do Brasil acarretaria em tantas consequências graves.
- Exatamente. Assim que pegarmos Saul, voltaremos para dar continuidade ao nosso projeto de diminuir a criminalidade em terras brasileiras.
Os agentes norte-americanos se despedem da presidente, dão as costas a ela e saem pela porta da frente do edifício onde estava acontecendo a reunião. Precisariam arrumar as coisas e partir para qualquer que fosse o destino, mas acima de tudo, precisariam pegar Saul.
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