Por Luiz Felipe Longo
Agora, eles retornavam de avião para o aeroporto internacional de Guarulhos, em São Paulo, aonde dali iriam de carro para o Guarujá. Lá eles arrumariam suas coisas e aguardariam maiores informações para saber o próximo passo.
- Qual será o próximo passo de Saul? – questiona Chin enquanto tenta pegar no sono ao encostar a cabeça na poltrona do avião.
- Duvido que ele continue no Brasil, vai querer sair daqui o mais rápido possível depois que desarticulamos seus centros de apoio. – retruca Steve enquanto lia uma das revistas colocadas no suporte do assento à sua frente.
- Aposto que ele tentará fugir para algum outro país da América do Sul mesmo. O Brasil possui inúmeras fronteiras e muitas delas não são fiscalizadas com o rigor necessário. – afirma Kono ao passar pelas notícias que estava lendo em seu tablet. – Um alerta para a Polícia Federal foi enviado e eles estão patrulhando todas as fronteiras consideradas de grau maior de vulnerabilidade.
- Uma coisa é certa! Estamos ganhando terreno e Saul está perdendo. Ele está tendo que se apequenar diante de nós. – comenta Danny.
O avião finalmente pousa na cidade de São Paulo. Uma leve garoa caía ao lado de fora da aeronave e o clima se apresentava bastante ameno. Os agentes desembarcam, tomam carros que os esperavam ao lado de fora do aeroporto e partem de volta para o Guarujá.
Steve estava à frente do volante, sempre prestando muita atenção em qualquer movimentação que pudesse parecer suspeita. No banco do acompanhante estava Catherine, também muito atenta a tudo. No banco de trás sentaram Danny e Paul. Em outro carro, Chin dirigia com Grover ao lado, enquanto Kono estava sentada atrás.
- Tudo calmo até o momento. – comenta Catherine prestando atenção nos carros que vinham logo atrás do utilitário onde estavam.
Então, quando estavam descendo a serra, um helicóptero apareceu vindo do céu, disparando desenfreadamente contra os dois carros onde estavam os agentes norte-americanos.
- Segurem-se! – pede McGarrett, que freia bruscamente o veículo no meio da estrada. Os outros carros desviavam em cima da hora dos utilitários norte-americanos parados, já que Chin também havia parado.
- Precisamos disparar contra eles. Estamos completamente encurralados. – diz rapidamente Chin para Grover e Kono, que estavam abaixados. Os buracos de bala no carro eram evidentes e havia vidro despedaçados por toda parte.
Kono sai do veículo se protegendo com a porta aberta e dispara contra o helicóptero dos criminosos. No entanto, as balas da agente norte-americana parecem não fazer nenhum efeito.
- Não vamos conseguir derrubar o helicóptero com nossas armas. – grita Kono para seus outros dois companheiros com o objetivo de ser ouvida.
- Mirem no piloto. Se acertarmos o piloto, aquele helicóptero cai. – explica Grover enquanto dispara contra o rapaz que estava no comando da aeronave.
Do outro carro, Steve, Danny, Paul e Catherine estão abaixados atrás do automóvel. O suor escorria pelo rosto de cada um, eles sentiam-se totalmente encurralados.
- Eles não param nunca. Estavam nos esperando. – comenta Paul ao levantar-se rapidamente para averiguar a situação, mas voltando a se jogar no chão assim que um disparo foi realizado em sua direção.
- Chamem reforços pelo rádio, a polícia rodoviária deve estar próxima. Vou dar cobertura para Kono, Chin e Grover. – afirma Steve no exato momento em que sai da proteção do carro disparando incansavelmente contra o helicóptero.
A ação de McGarrett retira, momentaneamente, a atenção dos criminosos sobre Kono, Chin e Grover, o suficiente para que a moça de traços orientais acerte um tiro certeiro na cabeça do piloto, que escorrega do banco e despenca no abismo. O outro criminoso se desespera ao ver o companheiro caindo, tenta assumir o controle, porém é inútil. O helicóptero dá rodopios no ar e se choca contra o viaduto, explodindo logo em seguida.
- Excelente, Kono! – exclama com total felicidade o comandante McGarrett.
Paul estava com um dos braços ralados por conta do momento no qual se jogou no chão. O restante dos norte-americanos não apresentava hematomas, apenas o cansaço estampado no rosto.
- Achei que tinham desistido de nós. Pelo menos aqui no Brasil. – comenta Catherine.
- Continuamos um alvo em potencial. Saul deve ter posto um prêmio imenso por nossas cabeças entre os guerrilheiros dele. Provavelmente, mais e mais pessoas do mundo do crime devem estar se juntando a ele. – responde Chin ao comentário da amiga com o desapontamento evidente em sua voz. – Parece que quanto mais nos esforçamos, mais eles ficam fortes.
- Não podemos desistir. Vamos conversar com alguns militares brasileiros e também com a Agência de Inteligência deles para saber se possuem alguma nova informação. – pede Steve.
A noite já caía quando os agentes da 5-0 conseguiram chegar ao Guarujá em carros de polícia e com escolta especial. Eles foram deixados em frente no prédio onde viviam e quatro policiais estavam na porta para fazerem a proteção do local.
- Vou entrar em contato com Max solicitando as câmeras da rodovia hoje. Com certeza elas gravaram a ação dos criminosos. – diz Kono já abrindo o notebook e o ligando rapidamente. No entanto, algo totalmente inesperado acontece. Uma série de códigos entra na tela e a agente perde o controle sobre o aparelho eletrônico. Uma gravação aparece e nela está um homem com uma enorme mancha na face, era Saul Hernandez.
- Vejo que conseguiram escapar do meu helicóptero na descida para a Baixada. Muito bem!
A atenção de todos os norte-americanos estava voltada para a tela. Menos de Grover, ele não havia aparecido em um lugar onde o criminoso pudesse vê-lo, e estava utilizando seu celular para enviar uma mensagem.
- Desgraçado! Você não vai escapar dessa! – exclama com rispidez McGarrett.
- Se eu fosse você, abaixaria o tom de voz para se dirigir a mim. Tenho homens nos lugares que vocês menos esperam. Quando pensarem que estarão seguros, eu estarei lá para causar caos, destruição e sofrimento. Querem uma dica? Não ousem pegar um avião ou qualquer outro meio de transporte aéreo. Tiveram a prova do que sou capaz no ar, não só lá, em qualquer ambiente.
- Você não se cansa dessa perseguição doentia? Ninguém te fez mal algum. Quem fez isso com seu rosto e matou sua mulher eram agentes ruins, nem todos são assim, você precisa entender. – pede Catherine, praticamente implorando.
- Não descansarei até ver os Estados Unidos e seus aliados sangrarem mais e mais!
A transmissão é interrompida. Grover então volta para perto dos outros companheiros com a satisfação estampada em um enorme sorriso. A mensagem que ele havia mandado era para Max, e o legista havia conseguido rastrear de qual lugar a chamada estava sendo feita.
- Assunção, Paraguai! – exclama o agente negro.
- Sabia que ele não estaria aqui no Brasil. O único problema é conseguirmos sair daqui. Saul foi enfático ao dizer para não pegarmos qualquer avião. Com isso, só nos resta ir de carro, mas demoraremos muito tempo até chegarmos lá. – comenta Kono enquanto pensa em alternativas para chegar ao país vizinho.
- Não podemos chamar atenção. Se formos todos juntos, ficaremos mais vulneráveis. Eu e Catherine iremos de ônibus, como se fossemos pessoas comuns. Kono e Chin, vocês também, mas em um ônibus diferente. – orienta McGarrett. – Danny, Paul e Grover, vocês três vão de carro.
- Steve, se eles nos cercarem novamente, vamos estar enfraquecidos com um número reduzido. – tenta argumentar Danny.
- Não vamos. Saul está com o pensamento que estamos indo atrás dele todos juntos. Separando-nos, poderemos ter um elemento surpresa. Em Assunção a gente se encontra.
Os agentes são surpreendidos com o barulho do vidro da porta que dava em direção à varanda se estilhaçando em inúmeros pedaços e um dispositivo pequeno e Earredondado, cai na sala.
- Gás de pimenta! – exclama Paul. Ele e os outros se jogam no chão procurando proteger a cara. Seus olhos lacrimejavam. O quarto é inteiramente tomado por uma fumaça e escuta-se o barulho da porta sendo arrombada. Dois homens vestindo roupas policiais entram usando máscaras e disparando às cegas no imóvel.
McGarrett consegue sacar sua arma e atira contra os invasores. Um deles cai estirado no tapete e uma enorme poça de sangue se forma no tapete. Danny também dispara e atinge o outro atirador.
- Limpo! – exclama o líder da força tarefa ainda com a camisa protegendo o rosto.
- O que foi isso? – questiona Chin.
- Saul falou para não confiarmos em ninguém. Eram os policiais que estavam fazendo nossa segurança lá no térreo. Havia outros dois lá, será que eles faziam parte da quadrilha também?
- Eu acho que não, chefe. – responde Kono ao olhar pela varanda e ver dois corpos caídos no chão sob poças de sangue.
- Não podemos ficar mais nem um minuto no Guarujá. Estamos sendo claramente caçados. – comenta Grover ao retirar as máscaras dos bandidos, tirar fotos e enviar para Max fazer um reconhecimento facial.
- Juntem tudo o que for necessário. Levem somente o essencial, não queremos chamar muita atenção. Partiremos logo ao amanhecer. Enquanto isso, esperamos Max fazer o reconhecimento facial e vemos quem são nossos camaradas.
A noite se passa sem maiores acontecimentos. Pouco antes de o sol nascer, Max envia informações sobre os invasores. Eles chamavam-se Henrique Diniz e Fernando Ramos, dois brasileiros com passagem pela polícia por porte ilegal de armas, mas que estavam em liberdade condicional.
- Realmente, Saul está recrutando apenas pessoas com passagens pelo mundo do crime. Esses dois ainda tinham uma ficha pequena, mas duvido que não haja homens com passagens por homicídio e coisas piores. – afirma Chin ao analisar as informações contidas em seu tablet
- Todas as polícias foram avisadas e estarão realizando buscas pelo país à procura de qualquer rastro de Saul. Informações estão sendo cruzadas e levarão à prisão daqueles aliados já identificados. – responde Steve.
Carregando apenas uma pequena mala de mão cada um, os agentes saem do prédio quando o sol já está nascendo, iriam pegar a estrada rumo ao Paraguai, onde supostamente estaria o homem mais procurado pelos Estados Unidos naquele momento.
- Fiquem atentos a qualquer movimentação suspeita. Lembrem-se, estamos sendo caçados. – relembra McGarrett ao recarregar uma de suas armas.
Nesse momento, um carro preto surge no início da avenida. Ele chega acelerando e ao passar em frente ao prédio onde estavam os membros da 5-0, efetua inúmeros disparos contra eles.
Uma das balas atinge o peito de Chin, que cai na calçada. Catherine dispara efusivamente contra o veículo, mas eles não causam nada aos criminosos. Então, Steve retira um ocupante de uma moto ao mostrar o distintivo e acelera atrás dos bandidos.
O líder da 5-0 estava chegando próximo, mas os fugitivos avançam um sinal vermelho, o que McGarrett não consegue, pois, com certeza, seria atingido por algum outro carro no cruzamento.
- Desgraçados!
Era o terceiro atentado que os agentes sofriam no Guarujá ou quando estavam se dirigindo para a cidade. Com certeza o melhor a se fazer seria deixar o país e rumar para terras paraguaias.
- Conseguiu pegá-los? – pergunta Danny.
- Não, fugiram após cruzarem o sinal vermelho. – informa Steve.
- Sem preocupação. Anotei a placa do carro e já enviamos para Max analisar. Provavelmente deve ser algum carro alugado, então iremos até a locadora e com um mandado pegamos os nomes dos meliantes responsáveis por alugar o carro.
- Ótimo. Boa, Danny. Finalmente aprendeu como trabalhar comigo.
- Eu trabalhar com você? Não. Só estou fazendo um trabalho para toda a equipe, não apenas por você.
Todos entram em um consenso que deveriam voltar para dentro do prédio, pelo menos até Max enviar as informações solicitadas. Pelo menos lá estariam menos vulneráveis que na rua.
A placa, assim como era esperado, estava registrada no nome de uma locadora de veículos na cidade de São Paulo. Precisariam voltar para a estrada afim de chegar na capital e encontrar a locadora.
Sempre observando qualquer movimento suspeito, os agentes norte-americanos da 5-0 entram em dois veículos utilitários e partem rumo à capital paulista. No caminho, uma notícia que Kono olha através do tablet chama atenção.
- Gente, olhem isso. A embaixada dos Estados Unidos no Paraguai foi metralhada na manhã de hoje. Não houve registro de mortes, porém a fachada foi completamente destruída. Segundo registros das câmeras de segurança, quatro homens armados desceram de uma caminhonete, dispararam desenfreadamente e depois fugiram do local.
- Uma chance para vocês adivinharem quem foi o responsável por isso. – comenta Chin.
- Nosso querido amigo Saul Hernandez. – responde Grover de maneira bastante sarcástica.
- Precisamos acabar logo com essa guerra. Precisamos prender Saul! – diz com raiva evidente em sua voz o comandante da força-tarefa.
Chegando à capital, eles rapidamente encontram a locadora de veículos, já com o mandado em mãos para descobrirem os responsáveis pelo aluguel do carro que provocou o atentado aos agentes.
Um rapaz de calça jeans, camisa e sapatos sociais, estatura mediana e barba por fazer atende aos norte-americanos. Ele chamava Robson e sem maiores perguntas, entrega a lista com os nomes de todas as pessoas as quais haviam alocado carros com eles.
- Achei! – exclama com surpresa McGarrett.
- Qual é o nome? – pergunta Danny.
- Isabella Hernandez.
- E por que o espanto?
- Esse é o nome da mulher de Saul, que supostamente estava morta!
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